A expressão “novo normal” já se estabelece na sociedade como a realidade que surge da pandemia da Covid-19. Ela representa as novas prioridades das pessoas e da sociedade, percebidas a partir da crise, a mais aguda que vivemos na história recente.
Em momentos disruptivos, surgem oportunidades para acelerar mudanças necessárias que, em tempos normais, são postergadas mais do que o país suporta. As reformas estruturais são exemplos disso. No contexto de revisão de prioridades, é necessário discutir o modelo político brasileiro e, inclusive, reavaliar o calendário eleitoral de 2020. É temerário manter a agenda prevista, considerando a falta de clareza quanto ao processo de contágio e de desdobramentos do que está ocorrendo. Precisamos avaliar o adiamento das eleições de prefeitos e vereadores, aproveitando para unificá-las com a escolha dos demais cargos políticos em 2022. Com pleitos sempre unificados, haverá importante redução de custos para a sociedade.
Tal proposta não abre mão, sob nenhuma perspectiva, dos mais elevados princípios democráticos. A mudança do calendário carrega um notável senso de racionalidade. Permitiria, de imediato, a liberação do Fundo Eleitoral de 2020 para o sistema de saúde. Além disso, evitaria o foco único do debate na pandemia e a troca de comando da gestão municipal de saúde em meio ao enfrentamento da Covid.
Ainda não temos plena consciência da sociedade que emergirá desta pandemia. Pessoas e empresas precisam se reinventar para superar os desafios da retração da economia e da renda, além das profundas transformações comportamentais em curso. Neste cenário, seguiremos conclamando ainda mais por uma nova postura do poder público, que precisa ser menos dispendioso e mais eficiente.
Enquanto empresas e trabalhadores do setor privado reduzem jornadas e salários para tentar transpor a esta fase, não se vê movimento similar na área pública, que deve participar da divisão dos custos da atual. A unificação das eleições em 2022 seria um passo nesse sentido. O Brasil precisa de foco, alinhamento e conciliação às causas comuns. Isto também é democracia.